domingo, 7 de outubro de 2012

Ilze Soares



ILZE SOARES 

Poetisa , Associada e Participante do 

I ENCONTRO POÉTICO DO GRUPO ENCANTOS E AMOR 







Menino de Rua

Ilze Soares



Descalço, pés queimando no chão,
Lá vai o menino de rua
Em busca de uns trocados para o pão. 

Nas esquinas, faz malabarismos,
Recebe centenas de nãos,
Nenhum centavo cai em suas mãos.

Se voltar pra casa assim,
Sem ao menos um tostão,
É surra na certa, não tem perdão.

Onde fica seu direito de ir e vir,
Sua obrigação da escola frequentar,
Sem comer, sem brincar, sem sorrir?

Espero, um dia, que os nossos dirigentes
Prestem um pouco mais de atenção
Nestas pobres crianças de pés no chão.

Sem saúde, estudo ou segurança,
Disposição, fé ou esperança,
Elas também são o futuro da nação.








O Homem dos Olhos Tristes

Ilze  Soares



Era cedo ainda, mal deu tempo de se trocar, colocar uma flor nos cabelos e sair. 

Precisava comprar umas roupas, algum sapato novo, umas lingeries... 
Ia viajar para o interior, visitar a família, da qual sentia tanta falta.


Há muitos anos, viera para a capital em busca de melhores oportunidades, de um diploma universitário, talvez um grande amor, casamento e muitos filhos... 
Alguns sonhos conseguiu realizar. 
Formou-se, batalhou um bom emprego, apaixonou-se e casou. 
Não teve filhos, infelizmente.

Um dia, de repente, o marido partiu, deixando-a sòzinha, com o coração de luto.
Ja não era mais criança, não tinha muitos amigos...
Os dois viviam um para o outro e se bastavam.
Foi um longo período de tristeza, enfiada dentro de casa, sem ânimo para nada.
Suas irmãs e sobrinhos telefonavam sempre, convidando-a para passar uns dias na cidadezinha onde ela nascera e a família tinha se enraizado.


Naquele dia, apesar da tristeza, resolveu aceitar e precisava se preparar, ultimar os preparativos.
Caminhava pelas ruas, olhos baixos, pensamento longe...

De repente, sentiu a presença de alguém perto. 

Levantou os olhos e deparou-se com um homem maduro, de olhar tão triste, que se emocionou. 
Percebeu que ele também tinha sofrido tanto quanto ela, eram irmãos na dor.
Deu-lhe um sorriso franco e desejou-lhe um bom dia, seguindo seu caminho. Mas bastou essa troca de olhares, para ficar imaginando mil coisas sobre o desconhecido!


Quem era, onde morava, o que teria acontecido em sua vida, quais foram os seus sonhos...
Será que um dia se reencontrariam?

E assim ela seguiu adiante, torcendo para que o destino cruzasse seus caminhos novamente.













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